04 agosto 2014

Quem me conhece sabe dos meus três outros corpos físicos que caminham pelo mundo me espelhando. Sou eu e não sou eu. É muito de mim e nem eles, os outros corpos, percebem o quanto. Não percebem que quando eu rio, é com minhas quatro bocas. A minha boca e as bocas delas.

São meus quatro pares de olhos que choram. Meus quatro corações que doem e batem. Quando eu suspiro, suspiro por quatro. Quase ventania se triste, quase vendaval se prazer. Quando conto nos dedos os que me completam, conto em quarenta dedos que apenas quatro eu reflito. Meu corpo pequeno tem quatro almas e quatro espíritos. São quatro os cavaleiros do Apocalipse e nós somos as bolas de gude sob os cascos dos cavalos. Nada de cabalístico, apenas uma convergência. Tenho três apoios e, assim, nunca bambeio. E se assim o faço, tenho seis braço pra me catar. É mais que uma rede de proteção, é quase uma cama onde a gente dorme tranquilo.

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