21 julho 2008

Do diário de Suelen Gueiras

"... suspeito que rasgaram minhas cartas e a declaração que fiz num papel de presente. Não me espantaria se estivessem no lixo ou na minha portaria. Por via das dúvidas, tenho saído pela porta de serviço... Estranho nos entregarmos por tanto tempo, errar e acertar e existir quem erre e acerte conosco para que, no momento em que tudo isso deveria contar, ser apenas mais um punhado de coisas a ser deixado para trás...


...Em alguns dias: Califórnia! O lugar onde o sol é que nem aqui, mas é outra coisa. Melhor assim, o sol daqui não anda dos mais aconchegantes e parece que a cidade me esqueceu, vira o rosto quando eu passo. Não a culpo, não há mesmo como entender as escolhas dos outros que nunca faríamos. Deixo que respire, areje. Faz um sol frio e não lembro de um inverno tão bonito mas não tenho espírito para apreciar. Acordo pensando em dias velhos, durmo querendo coisas frescas e tudo o que há no meio é batalha em mim para acalmar esse meu lado tranqüilo que pôs os dentes de fora. Se ora mando à putaqueopariu é para apenas calar tristeza logo depois...



E rezo:

Senhor,
dê ouvidos aos gritos de raiva,
dê quietude de alma,
dê razão aos corações partidos
dê luz aos olhos cegos de ira
dê harmonia aos que julgam e sensatez aos que calam.

aos que se crêem corretos de postura dê um erro e um juiz tão grave quanto eles.
dê a mim a tranquilidade para uma vida quieta e a paciência para aguardar este fim.

Por todos estes dias..."
 

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