07 abril 2010

Do diário de Suelen Gueiras

em envelope nunca endereçado

"... esqueci meu tempo com você, em algum lugar ainda quente do meu corpo na sua cama. não por golpe nem por querer deixar um pedaço de mim para lembrar. desisti dessas pequenezas há algum tempo. esqueci minhas horas, fui da sua casa para a minha, depois para o trabalho, para o cinema. meus espaços passaram por mim e meu tempo com você, no seu bolso. não sei o que pensou dele, também não me importo mais. não me preocupo mais com isso há algum tempo também.

nesse dia em que minhas horas passavam seguras na sua cabeceira, eu percebi que com você só há tempo, essa contagem-regressiva que consome as noites e os dias e que marca a distância entre nós. te dar a mão é fazer o tempo se esgotar, como se fosse demais para as leis da física termos espaço e tempo juntos. e, por mais que eu corresse sabendo desse tempo que acaba, as horas na sua casa, em tic-tac, me lembravam que você nunca soube guardá-lo.

você não pisa no meu espaço, eu invado o seu. você não ouve o coelho que diz "está tarde!", porém, eu corro atrás dele. você não cabe no meu tempo nem mesmo quando ele é seu. e, ao devolvê-lo sem mudar sequer um dos ponteiros mais para trás, uma outra contagem do tempo de nós dois começou, uma contagem que vem do passado para hoje, um tempo que deveria ter sido contado antes, mas não foi. o tempo do tempo perdido com você.

beijo,

S."

Um comentário:

Anônimo disse...

pode me ensinar a escrever? adorei.

 

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