em tempos de Copa...
“Próxima Estação: Maracanã. Desembarque pelo lado direito.”
Não precisa desembarcar, os passageiros desembarcam você. A onda se esparrama pela plataforma. Corre que tá na hora. Dá para ouvir o barulho dos fogos de artifício, dá pra ouvir a multidão respirando. Corre, esbarra na polícia, no mundo de gente espremida entre os portões e a avenida Maracanã. Cotovelos, pernas, mão no bolso, porrada, suor. Quem come o churrasquinho não morre pela boca nunca mais. Arranca o salsichão com os dentes da frente, farofa no canto da boca. As pessoas mais feias que você pode ver na vida. O cheiro mais de gente que você pode sentir na vida.
Empurra-empurra. Não empurra, porra! A roleta te suga pra dentro. E nós, só nós brasileiros, tão moldados e sinuosos, sabemos que o que é vivo é o cimento. O que é tão sólido parece flutuar e a fumaça dos fogos é muito mais pesada. Não há quem se meta, quem imponha regra, nós inventamos tudo isso. Nós, nossa casa, nosso concreto, nosso rei generoso.
Grita. Grita. Desce o bandeirão sobre as cabeças morenas. Ninguém senta! Ninguém senta! A FIFA nunca imaginou como as cadeirinhas de plástico são inúteis ali.
Xinga. Xinga. Você nem pensa na educação que sua mãe te deu. Não é bonito, é outra coisa. Só quem vai, sabe. Bonito é pra quem vê da TV. A FIFA acha bonito. A FIFA ás vezes parece que nunca foi num jogo de bola. A Globo também. Hoje em dia a gente até ouve a Suderj! Coisas do pan-americano moderno. Vovô que fez bem em ser América.
Você grita, cala, você corre da briga ao lado, você jura que nunca mais volta. Você desce a rampa de saída imundo, suado, às vezes sem a carteira ou o celular, xingando pessoas que nunca viu e nunca mais vai ver. Os gritos ecoam. Você olha pra trás e o rei está lá sentado e todos olham, mentem e voltam.
Empurra-empurra. Não empurra, porra! A roleta te suga pra dentro. E nós, só nós brasileiros, tão moldados e sinuosos, sabemos que o que é vivo é o cimento. O que é tão sólido parece flutuar e a fumaça dos fogos é muito mais pesada. Não há quem se meta, quem imponha regra, nós inventamos tudo isso. Nós, nossa casa, nosso concreto, nosso rei generoso.
Grita. Grita. Desce o bandeirão sobre as cabeças morenas. Ninguém senta! Ninguém senta! A FIFA nunca imaginou como as cadeirinhas de plástico são inúteis ali.
Xinga. Xinga. Você nem pensa na educação que sua mãe te deu. Não é bonito, é outra coisa. Só quem vai, sabe. Bonito é pra quem vê da TV. A FIFA acha bonito. A FIFA ás vezes parece que nunca foi num jogo de bola. A Globo também. Hoje em dia a gente até ouve a Suderj! Coisas do pan-americano moderno. Vovô que fez bem em ser América.
Você grita, cala, você corre da briga ao lado, você jura que nunca mais volta. Você desce a rampa de saída imundo, suado, às vezes sem a carteira ou o celular, xingando pessoas que nunca viu e nunca mais vai ver. Os gritos ecoam. Você olha pra trás e o rei está lá sentado e todos olham, mentem e voltam.
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