30 março 2009


"Segura pra mim?!" – eu perguntei e muito rápido, como se o momento já fosse se perdendo, dei a ele meu desejo antes de ir embora – "Eu juro que volto pra buscar."


E tentei tanto voltar! Corri de volta as milhas e os metros, mas não sei aonde virei errado. Desorientada. Fato foi que me perdi daí e, junto, perdi carteira, a identidade, paz de espírito, um rasgo de pele e as chaves. Todos apontavam um horizonte onde o ceú caía pro mar e eu me apressei em chegar em casa. Na esquina da rua certa ficou a coragem e o mapa que eu não consegui levar. Quando alcancei, não vi meu desejo na sua mão, estava quieto dentro de uma caixa de sapatos sobre a mesa do almoço. Você já ia longe com botas sujas de terra em estradas mais floridas com uma pequena de vestido estampado cujo coração pendia em um laço no pescoço. Pelo menos, você furou o papelão para deixar o ar entrar e ele ainda pulsava sereno quando abri a tampa. Peguei aquele bichinho acuado e ele espalhou-se nas minhas mãos querendo um carinho. "Vem, menino,vem..."

Um comentário:

Stephanie disse...

e que bom pode encontrar esse bichinho ainda que acuado numa caixinha, precisando talvez apenas do afago de mão mais cuidadosas

antes isso que perdido por aí.

beijos

 

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