Ela exalava um aroma leve de sabonete, shampoo sem frescuras e um toque de suor porque eram duas da tarde de um dia de Dezembro. Por um momento perdi o fôlego deslumbrado com os movimentos das mãos que equilibravam perfeitamente bolsa, pasta, celular, chaves e uma sacola de compras. Óculos escuros na ponta do nariz, camisa moderninha. Apostei que era designer e eu só não tive vergonha da minha situação de vagabundo voltando da locadora porque ela tinha um all-star tão fudido quanto o meu. O celular tocou e ela abriu um sorriso ao atender.
“Olá.” – eu disse antes de atender o celular e ele respondeu balançando a cabeça. Bonito, esculhambado era um fato, mas alugar Cronenberg lhe dava pontos. Ficou parado enquanto eu lutava para administrar o telefone e tudo o mais que eu carregava. Olhou meu decote em vez de oferecer uma mão. Ainda morava com a mãe, uma pena.
A conversa não demorou, logo que a porta fechou a ligação caiu. A sacola de compra também. Apanhei com rapidez e respondi o “de nada” com simpatia.
Derrubei a sacola de propósito. Era hora de começar uma conversação. Tinha o mesmo sorriso de antes.
“Você mora aqui?” – eu perguntei sabendo qual seria a resposta porque: 1) aquela mulher era colorida demais para o Edifício Rei Salomão e 2) eu não tinha o tipo de sorte de habitar a menos de três estações do metrô de uma menina como aquela. Com certeza, estava visitando a avó. Prédios de Copacabana têm dessas, vovós com netas interessantes.
“Moro.” – definitivamente não era a resposta que eu esperava. Mas, quem está reclamando, certo? O sorriso dela lembrava o da Sandrinha, minha primeira namoradinha.
Sabia! Não lembrou, mas enfim... eu era outra pessoa naquela época... vamos dar uma colher de chá ao rapaz.
“Eu não sabia...” – gaguejei.
“Já tem umas três semanas.”
O elevador chegou e ela abriu a porta.
“Espera! Em que apartamento?”
“No mesmo de sempre, Alexandre!”
Aposto que ele não vai entender nada. Vamos deixar a porta fechar na cara de bobo dele. “Como você sabe o meu nome?” – eu ouvi a voz dele abafada pela porta do elevador.
“Presta Atenção, Alexandre! Você mora no nono!” – eu respondi.
Quem era essa menina, meu Deus? A Sandrinha voltou a minha cabeça, mas ela nunca morou no mesmo prédio que eu!
Não mudou muita coisa. Alguns quilos a mais, mas até aí, eu também. Tocou o doze só pra me ver subir, como antigamente.
Toquei o nove quando a porta fechou por inteiro. O doze era mesmo só para vê-la subir.
“Olá.” – eu disse antes de atender o celular e ele respondeu balançando a cabeça. Bonito, esculhambado era um fato, mas alugar Cronenberg lhe dava pontos. Ficou parado enquanto eu lutava para administrar o telefone e tudo o mais que eu carregava. Olhou meu decote em vez de oferecer uma mão. Ainda morava com a mãe, uma pena.
A conversa não demorou, logo que a porta fechou a ligação caiu. A sacola de compra também. Apanhei com rapidez e respondi o “de nada” com simpatia.
Derrubei a sacola de propósito. Era hora de começar uma conversação. Tinha o mesmo sorriso de antes.
“Você mora aqui?” – eu perguntei sabendo qual seria a resposta porque: 1) aquela mulher era colorida demais para o Edifício Rei Salomão e 2) eu não tinha o tipo de sorte de habitar a menos de três estações do metrô de uma menina como aquela. Com certeza, estava visitando a avó. Prédios de Copacabana têm dessas, vovós com netas interessantes.
“Moro.” – definitivamente não era a resposta que eu esperava. Mas, quem está reclamando, certo? O sorriso dela lembrava o da Sandrinha, minha primeira namoradinha.
Sabia! Não lembrou, mas enfim... eu era outra pessoa naquela época... vamos dar uma colher de chá ao rapaz.
“Eu não sabia...” – gaguejei.
“Já tem umas três semanas.”
O elevador chegou e ela abriu a porta.
“Espera! Em que apartamento?”
“No mesmo de sempre, Alexandre!”
Aposto que ele não vai entender nada. Vamos deixar a porta fechar na cara de bobo dele. “Como você sabe o meu nome?” – eu ouvi a voz dele abafada pela porta do elevador.
“Presta Atenção, Alexandre! Você mora no nono!” – eu respondi.
Quem era essa menina, meu Deus? A Sandrinha voltou a minha cabeça, mas ela nunca morou no mesmo prédio que eu!
Não mudou muita coisa. Alguns quilos a mais, mas até aí, eu também. Tocou o doze só pra me ver subir, como antigamente.
Toquei o nove quando a porta fechou por inteiro. O doze era mesmo só para vê-la subir.
Um comentário:
E durante a noite ele teve insonia por causa dela.
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