19 julho 2007

Do diário de Suelen Gueiras

califórnia, __/__/__

“... já não sei mais há quanto tempo estou fora de casa... Muito tempo. Perdi dois quilos. Dias que esgarçaram as tramas do lar, que me afastaram de casa e me mostraram que é hora de criar outras tramas. É hora de voltar para não me acostumar com o calor e o céu azul demais. Existe isso onde eu vivo, mas é tudo outra coisa...”
(...)
“ir embora parece suspender a vida aqui e, querer retomá-la em dois ou três anos, como se não fosse mudar, soa juvenil. Parece que tudo estará aqui quando eu voltar, sem mudanças. Ou melhor, quase tudo. Ou quase todos... Acho que a menina que deixo aqui não reconhecerá aquela que voltará um dia. Gêmeas com anos de diferença.”
(...)
"chegar aqui foi lembrar de mim, de alguém que vive na minha casca e eu vejo muito pouco. Ás vezes eu esqueço que pode ser uma companhia incrível para horas tristes e felizes. As portas de entrada e os aposentos do lar mudam e nós vamos com eles, se adequando a casa mais do que a nós... dessa vez me adeqüei a mim mesma e, mais magra que estou, meu eu novo serviu justo e lindo e resolvi usá-lo mais vezes...”
(...)
“um dia, ouvi dizerem que esbarrar com um esquecimento era tal qual ver um mal-assombro. Esbarrei em um nesse tempo por aqui, sem olhos fundos nem cor de lençol. Provocou arrepio e, quando passou, sentamos pra tomar uma cerveja... não sei, no entanto, se voltou a ser memória ou não.”
.
.
.
.
.
.
.
“Aproveitei os dias nessas terras para risadas e coisas leves e acabei fazendo algo totalmente novo. Levo a moda para casa para ver se pega por lá. Dancei no elevador vazio. Talvez o porteiro tenha sido testemunha, mas, espero mesmo é que ele tenha dançado junto comigo. É quase o mesmo que tomar banho de chuva, te liberta das convenções, do tempo e do mundo...”
(...)

“o último biscoito da sorte que comi aqui (acho qua agora entendi os quilos a menos) me dizia ironias: “Sem ver-se a oportunidade, a habilidade é inútil." Ri só.”

“O táxi chegou. Talvez eu devesse fugir com o circo.”

5 comentários:

Daniel Pfaender disse...

'Parece que tudo estará aqui quando eu voltar, sem mudanças. Ou melhor, quase tudo. Ou quase todos... Acho que a menina que deixo aqui não reconhecerá aquela que voltará um dia. Gêmeas com anos de diferença' - Excelente! Quase como se o tempo fosse a única coisa que percebêssemos passar, o único fator relevante da vida. Muito bom mesmo!

Daniel Pfaender disse...

Valeu a visita! A história sobre o atentado em Sarajevo vai virar romance sim! Quero mostrar na visão de Gavrilo, o assassino, do Arquiduque, e de Franz Urban, o motorista dele. Assim que finalizar divulgarei!

Na lista de divulgação de blogs do Orkut só encontro blogs chatos, entediantes e blases, a maioria não se atém ao conteúdo... o seu é uma clara exceção, você escreve muito bem! Tem algum outro blog de contos ou poesias?
Bjs

Stephanie disse...

gosto muito da Suelen, ô menina arretada!

em tempo de câmera em todo lugar é provável que o porteiro tenha visto. Tomara que ele tenha dançado, ou pelo menos dado uma boa risada, daquelas que deixa o espírito leve.

Impressionante como biscoitos da sorte podem ser extremamente precisos.

como é bom encontrar um "eu" onde se pode caber =)

beijo beijo

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Unknown disse...

Eh realmente tava sentindo falta de Suelen ehehehheheeehheh
Memoria sempre vira, a questao eh se em q parte da memoria eh guardado.
bjs

 

Designed by Simply Fabulous Blogger Templates Tested by Blogger Templates