07 julho 2007


"Dava todas as minhas escumadeiras para estar aí com você." - disse Luís, pelo skype, após uma noite inteira chefiando a cozinha de um novo bistrozinho da moda que servia comidas fusion-étnicas nos Jardins, em São Paulo.

"Então... pega o vôo das 15:00 e vem pra cá! Você não trabalha hoje mesmo." - Marina, que ainda se acostumava ao título de comunicóloga, insistiu mas não colou. Luís escapou pela tangente, alegou falta de grana e falou que ela fosse encontrá-lo como fizera das últimas três vezes. Vinha se convencendo que os chefs eram uma raça tão ou mais atraente que os músicos e os comunistas limpinhos e guardava a descoberta bem perto do peito que era para não ter concorrência.

A jovem, criada no meio de papéis e longe da cozinha (porque papel pega fogo), não soube direito o que eram escumadeiras, mas pareceu que valiam muito. E, quando saiu na rua, imaginava escumadeiras de prata em redomas de vidro e caixas forradas de veludo compradas em viagens exóticas à India e ao Marrocos. Todas elas eram supérfluas frente a saudade que Luís sentia dela, todo o pequeno tesouro dele dado ao mundo por uma ponte aérea de 45 minutos até Botafogo. Todas as escumadeiras de Luís por um chope no Plebeu com ela.

Chegou na casa da mãe que fritava um ovo com gema mole para o pai sentado na varanda. Sem jeito, perguntou o que era uma escumadeira. A mãe levantou uma roda metálica furadinha com cabo comprido. Na cabeça de Marina poderia ser muito bem um bocal de chuveiro também. As escumadeiras de Luís repentinamente perderam a magia e o mistério. Amor de "Casa e Vídeo" ela não queria. A paixão acabou ali. Uma concha de feijão com furos e ainda fazia manha!

Tomou o chope no Plebeu com Estefânia, amiga jornalista cansada de ironias amorosas. Cada um oferece o que pode, cada um aceita o que merece.

5 comentários:

Stephanie disse...

Mari J, Querida!

com meu espírito dona-de-casa penso que para quem sabe usar, a escumadeira tem lá seu valor. Veja lá Mãe de Marina fazendo ovo para o paí, que bonito. O amor também tem destas coisas.

Agora - Casa e Vídeo - parcelado e com juros, não dá! Valorizar a escumadeira e na hora H, nada! Não basta prometer: é preciso aparecer e fritar batatas pra acompanhar o chopp!

Gostei muito da sua frase final. Relmente, cada um oferece o que pode...

beijo beijo!

Anônimo disse...

eu sempre achei isso. quando o outro tá disposto a dar os cem por cento dele, e pra ela aqui só vale uns cinquenta, nem por isso ninguém é obrigado a aceitar. não me contento mais com pouco. o meu pouco hoje é demais, ó. beijos, mari.

Unknown disse...

Jeeeesuuuuuuuiiiiiiiisss...

"Cada um oferece o que pode, cada um aceita o que merece."

Eh exatamente isso! Concordo 100%. Expressou com palavras exatamente o q sinto e dou de conselhos para amig(a)os ehehhehehheh.
Como sempre lindo texto! Tive a ligeira impressao de ser tao real!!! :p ehehheheh
bjinhos!!!!

Daniel Pfaender disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Daniel Pfaender disse...

sei que não é uma analogia das mais agradáveis mas uma escumadeira também é igualzinha a um ralo de boxe onde se toma banho...

"cada um oferece o que pode"... discordo só é nosso aquilo que a gente dá de qq modo adorei o texto! Bjs!

 

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