24 janeiro 2011

Ritual do Banho

Existem mulheres que sentam em torno de uma mesa colonial e tomam chá às 5 da tarde com leite ou limão, existem as que jogam bridge ou buraco, as que jogam mahjong. As mulheres que jogam víspora no clube da Tijuca. Aquelas que bordam juntas, as que lavam roupa juntas e falam alto, as que fazem as unhas juntas. As mulheres finas que fazem aulas de história da arte, as que cozinham com os pés apoiados na canela para não cansar. E existem as que não se juntam, essas marcam um determinado horário para se juntar a alguém, uma vez por semana.

Dessas todas, existem as que tomam banho de mar juntas, principalmente no final do ano, para tirar o caé. No mar salgado e quente, sob um céu azul onde contam de si e, principalmente, dos outros. Onde falam da vida boa e também da que estava ruim até aquele banho de mar e onde qualquer morte se faz menor diante de um mar tão vivo. Mulheres que não sabem nadar e outras que sabem, que dividem qualquer coisa, cujos laços vão no fundo do mar e voltam, que seguram os biquinis para as ondas não puxarem. Mulheres que são apenas isso e nada mais e disso tiram todas as suas forças, responsabilidades, medos, deveres e direitos, que exigem espelhos e se perfumam. Iemanjás sentadas no banco de areia, falando da vida.

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