08 janeiro 2017

Dos bancos no outono

Sentei no banco que você disse que me daria. Você disse que sabia quem eu era, como eu era, o que eu merecia e que amanhecer aos domingos era bom. Lia um futuro nosso que era ao mesmo tempo virando a esquina e cruzando a ponte do Brooklyn, promessas de futuros distantemente próximos ou proximamente distantes. No início do outono já não havia você e eu não sabia mais quem eu era. Me des-conheci.

Sentou-se no banco, então, quem não me conhecia. Quem não me sabia por dentro nem olhara nos meus olhos, a quem faltavam os segredos e sobravam revelações. Precisei sentar com quem não me conhecia para me re-conhecer. Olhar para nenhum reflexo e me achar, para saber de novo quem eu era: doída de cacos colados, uma outra. Foi necessário ensinar a alguém quem eu era para ser de novo eu. A descoberta de alguém como um grande continente intocado e pronto para ser compartilhado. Eu merecia bem mais, do seu conhecimento de mim surgia eu novamente.

Sentei no banco que você disse que me daria. Não sentei só. Não sento mais só. Estou sempre comigo novamente.

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