04 dezembro 2010

Tem vezes no outono...

quando eu sinto a sua falta é quando eu preciso que minhas rodas girem. ainda não entendi se elas giram para eu te esquecer ou porque um dia você girou as rodas como quem gira um daqueles cilindros indianos. quando eu vejo você mais longe é quando eu preciso ranger as dobradiças, talvez para mostrar que eu não preciso mais da sua ajuda, talvez porque eu queira que você se orgulhe de mim.

eu larguei a casa do vale e o vento e o cristo no canto da janela procurando um rito de passagem meio forçado, um giro na roda gasta e já quase atolada no lamaçal. tentei criar novos domínios, mas não há tempo para tanto, tive vontade de ser melhor mas quase não há com quem compartilhar derrotas, há o olhar, mas falta gente na foto.

e já não sei mais da minha frustração. se eu me envergonho por mim ou por imaginar o que você diria ao me ver. claro que então eu mentiria para que você ainda se orgulhasse de mim, mas no fundo, as rodas ainda estariam empacadas e eu desviaria o olhar sem que você percebesse.

haverá quem diga que eu vim e vivi e que a alma não é pequena, e não é mesmo, mas não foi grande nem altruísta o suficiente para captar esse todo que parece tão ínfimo. e a vontade de ficar beira o perigo de ser apenas para provar que é possível abraçar tudo. mas não é possível e, nos momentos mais lúcidos, dói uma dor fina junto com a mão gelada.

as rodas, quem diria, giraram em falso.

Um comentário:

Selvageria disse...

e quem sabe até onde rodam essas rodas, né? muito bom, Mari, gostei.
vez por outra, acompanho o blog. depois visita o meu, 19999inimigos.blogspot.com, botei o link do seu lá.
bj!
Diogo

 

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