30 outubro 2008

Do diário de Suelen Gueiras


...Ando com nojo dos corretos. Que fique claro, dos corretos, não dos certos. Os primeiros não sabem que erram, não admitem, não vêem. Os outro, os certos, erram. Eu? Eu sou um erro. Quem somos nós se não nossos erros acumulados e as tentativas redentoras de consertá-los? Eu sou um erro e me corrijo a cada momento não para ser perfeita, mas para ser exata e é justamente essa busca que me eleva aos céus. Eu acerto com meus erros porque cometo-os com amor e, assim, diante dessa raça de corretos, me construo tão mais forte. Esses tipos tão limpos, elegantes e admiráveis, aquilo que todos querem ser. Os lustra-móveis da sociedade. Mestres do distanciamento, do olhar de esguelha.

Os corretos se agarram no efêmero, aos gritos, fúrias, xingamentos, os certos dão as mãos à longevidade da lição. Eles não darão o braço a torcer, não serão sutis nem flexíveis muito menos sensatos. Nunca alcançarão os céus e dirão “não acredito em céu” porque nunca viram se não certeza em suas atitudes. Quem erra, vê um mundo debaixo dos pés, um abismo prestes a engoli-lo e então, sabe-se que existe um céu.

Os corretos apontam aquele dedo-inquisição hipócrita. Os certos prenderam tanto os dedos em frestas, gavetas, portas, dobradiças que andam com as mãos nos bolsos. Para os corretos eu quero apontar um dedo na cara bem esticado, rígido, indubitável, incontornável. Para eles eu quero sempre levantar o dedo do meio...

 

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